Projeto participante do Concurso Internacional de Idéias "Novo Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires" promovido pela [AC-CA]. Projeto em parceria com os arquitetos Jeffer Santos e Thiago Bicas.
CONCEITO
Situado às margens do Rio da Prata, junto à Puente de La Mujer e a
Fragata Presidente Sarmiento, numa área de grande desenvolvimento urbano, o
projeto para o novo Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires propõe uma
reflexão sobre a arquitetura de museus e sua relação com a arte expositiva.
Os museus, em sua atual condição de exploração excessiva, muitas vezes voltado para o mercantilismo e o marketing cultural, acabam designando à arte um papel de mero coadjuvante diante do "espetáculo da arquitetura".
Contrapondo-se a esse "espetáculo", o Museu em Puerto Madero resgata a estética sublime, procurando assim estabelecer uma relação com a experiência contemplativa do espaço construído investigando o papel da arte e da arquitetura como mediadoras desta relação. A combinação arquitetura e arte deve ser equilibrada e dialogar entre si, sem que cada uma tente se sobrepor à outra.
Externamente, o museu harmoniza-se com
a paisagem dos armazéns do cais, apresentando-se como um bloco de geometria
simples pontuado por algumas reentrâncias que funcionam como janelas. Estas,
por sua vez, revelam uma imagem intrigante que convida o transeunte a desvendar
seu interior. É o fascínio pelo desconhecido, a busca de surpresas e novas
experiências – a atração pelo que está dentro e não se vê.
Prancha
Quando dentro do edifício, o visitante irá descobrindo toda a complexidade interna como se os ambientes fossem órgãos dentro do corpo maior, o museu. Neste sentido, o interno funciona como uma antítese do externo. Enquanto por fora quase não existem complexidades formais, por dentro as formas apresentam-se orgânicas, despojadas de formas rígidas.
Disposição dos ambientes
A arquitetura é constituída tanto pelo ser quanto pelo não-ser, sendo que é o ser que produz o útil, no entanto é o não-ser que o torna eficaz. Em virtude disto, a lógica de criação por trás das galerias e, consequentemente, de todo o edifício, foi pensar o espaço de dentro (não-ser) para fora e não o contrário, como se costuma fazer. Primeiramente, o volume das galerias foi criado; posteriormente, foram feitas as conexões entre esses ambientes; o processo se encerra com a colocação do invólucro externo. Uma grande caixa abriga o organismo amorfo. A arquitetura então torna-se uma embalagem de si mesma.
O objetivo maior do edifício é de,
junto com as obras de arte, aguçar a curiosidade das pessoas, instigando-as. O
sentimento de espanto, mistério e curiosidade, característicos do sublime, são
resultados de uma plenitude experimentada pelo observador frente à imponência
da obra. Estas repentinas sensações antecedem o raciocínio e, neste momento, o
horror aparece e é capaz de provocar prazer.
Hall de entrada
Galeria 04
ILUMINAÇÃO
Toda a iluminação do museu é pensada cenograficamente. Dentro das galerias, a luz é mais intensa gerando um efeito atrativo. As pessoas seriam atraídas pela intensidade da luz para dentro das galerias. Algo como acontece com as mariposas. Esse jogo de luz e sombra torna-se necessário à formação do sentimento sublime.
Área multiuso e café
Auditório
ESTRUTURA
A estrutura interna do museu é formada por cascas de concreto branco auto-portante e com alguns pilares distribuídos de forma a vencer os grandes vãos. Paralelamente, existe uma estrutura metálica espacial que serve de sustentação para a caixa externa formada por chapas metálicas.
SUSTENTABILIDADE
A estrutura interna do museu é formada por cascas de concreto branco auto-portante e com alguns pilares distribuídos de forma a vencer os grandes vãos. Paralelamente, existe uma estrutura metálica espacial que serve de sustentação para a caixa externa formada por chapas metálicas.
Perspectiva explodida
SUSTENTABILIDADE
O projeto considera ainda os princípios de
sustentabilidade. As galerias de exposição e o direcionamento das entradas de
ar e luz foram previamente pensados para minimizar o impacto do uso da obra no
meio ambiente. Nichos de vegetação são dispostos e trabalhados dentro do
edifício de modo a criar, nos dias frios, uma espécie de estufa, com a radiação
solar penetrando no edifício através dos “buracos envidraçados”. Já durante os
dias quentes, algumas aberturas ao longo da caixa, permitiriam que o ar
circulasse através do edifício, funcionando com uma espécie de
“efeito-chaminé”, com o ar quente entrando e sendo liberado por cima. Há ainda,
uma preocupação com a captação e reaproveitamento das águas pluviais para
irrigação da vegetação existente no museu.